sexta-feira, 30 de outubro de 2009

escuro

pela fresta da janela
amanheceu o dia
era luz entrando
lembrando que ele nao dormia...

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passa tudo,
passa posto poste boiada
passa até chuva
só não passa madrugada

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por fim
amanheceu.
e era fim tudo que ele sentia.
fim da noite
sem começo do dia.

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até madrugada passa
e num instante com hora marcada
tudo já é madrugada iluminada.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

poema infantil

no reino do queijo
a rainha ricota
tirita
quando o provolone em riste
insiste
na cama do rei
um sanduíche

sexta-feira, 24 de julho de 2009

eterno coditiano

só com coentro
e meus talentos
faltam temperos
para os meus destemperamentos...

(tenho que ir ao supermercado)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

a primeira vez

era virgem que dava dó
moleque franzinho
espinhento
e narigudo
virgem de cheiro
de pele e
dos ói
mulher nua na sua frente, nem sua mãe
irmã não teve.
prima também não.
empregada?
a única que ele conheceu desde que nasceu,
foi nascida mulher
e mulher falecida aos 13,
virou macho.
não tinha diferença nenhuma do vaqueiro...

moleque criado em roça
roça de um jeito que já nem existe mais
daquelas que nem sinal de TV chega...
nascido e criado
lá numa roça que o lugar mais perto
que tem nome, é um distrito
do lado de uma cidade chamada ipiaú...

ohhh moço...
era virgem que dava dó.
a historia que vô contar é desse moço.
a primeira vez dele.
a primeira vez dele com uma bananeira,
- não confundir com banana -
mesmo virgem o menino era moço-macho.

e foi que um cabra lhe disse que bofe quente de boi
dentro de um buraco cavado numa bananeira
era que nem mulher...
e lá foi ele provar.
boi morto
estripado
e ele correndo com os bofes quente na mão
com um buraco já cavado,
êta, foi um trabalho danado
meter tanto bofe num buraco.
depois de quase tudo enfiado
afobado nervoso e suado
ainda teve azar o pobre coitado
que buraco ficou muito embaixo
pobrezinho, todo dobrado
feito velho
todo arriado
mas lá se foi
lascando na bananeira
abraçava, suava, arfava, se tremia todo,
mas não parava.
foi então que dentro dele foi nascendo
um coisa
uma coisa grande
um carinho sem tamanho
e foi tão grande o carinho
que até beijo no tronco deu
lá em cima
as bananas
balançando...
as folhas verdes se tremendo
como se fosse ventania...

um tantinho de tempo depois,
depois de muito beijo
já todo cansado
tava lá todo feliz
e satisfeito o pobre coitado
fazendo carinho nos bofes e na bananeira
como se fosse coisa que ele nem sabe o nome...
foi lá que esse menino
se fez quase homem.

se a história terminasse assim
não ia ser diferente da história de um monte de gente
mas, pra valer o registro essa história tinha que ser diferente.
desde esse dia,
as bananas que estavam lá em cima balançando
murcharam
e depois nem banana nanica nasceu
porém, depois de um tempo
nove meses para se exato, desde a primeira vez do primeiro ato
depois de muita bofe no mesmo buraco
de repente aparece um cacho de banana grande doce e vermelha,
gostosa como o povo que comeu disse que nunca viu.
pois então.
contam que, quem provou da banana
mulher, menino, menina, e até cabra macho
só pensava numa coisa
que muito melhor que descascada e mastigada
a banana servia
era pra fazer muita
coisa safada.
e até homem que se achava macho
tava comendo banana pelo buraco debaixo.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

cantada entomófila

pousou no meu nariz
a abelha
que também pousou no seu

pense assim:
se fossemos flor
ja teriamos
feito amor...

futuro

não dou um passo
sem pisar
no passado.

pancada

ausente por um instante
deixei minha cabeça
na estante.

domingo

ao cair do dia
fui tomado por um desejo incontido
de fazer poesia
escrevendo e andando em voz alta
tropecei no primeiro verso
escoreguei na segunda linha
só não cai de cara no chão
por que em poesia basta um rabisco preciso
e o chão de concreto
vira uma almofada de ...
pena de ...
AVIÃO!
e sai voando pelo ceú dos olhos de quem um dia me leria...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

separações

te vi passando pelos cantos
alheia a olhares
te vi sussurrando passos
pisando poças
passando
como se passar não bastasse
te vi querendo parar, cansada...
te vi querendo acelerar o dia..
engolindo as noites...

mas passar não basta.
antes um pouco de grito
de fogo e de fumaça
antes tudo re-começasse
antes que a dor do fim
acabasse.
volta a lembrança boa.
volta aquela tarde.
volta a dor
por que voltar também faz parte.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009