sexta-feira, 25 de outubro de 2013

av paulista


Na avenida paulista de frente pro mar
eu sentado em sombra de embaúbas
vendo de longe naus, motos...
carros, asfalto e corais...
telúricas tetas brancas nas janelas.
paulistanas pontuais
dançando apressadas,
saltos adestrados
pisando suave
no concreto macio dessa parsagada
poeira maresia
areia fina na brisa...
Sargaços...
brilhando, faróis...
Luzes mil
noite a dentro
Ondas quebrando nos pilares do Masp
O cheiro de queijo coalho
Invade a madrugada...
A rede esticada
Aproveita o sinal vermelho
Para descansar sobre a faixa,
todos param menos a rede que balança...
Nasce numa fresta de terra uma gerbera roxa de pvc, vergalhões, controles de ponto e bitucas acessas de cigarro
Por baixo da rede...
Botes, ferrys, cações ...
Passa aquele veleiro sem vento
brisa boa não empurra nem pensamento.
carregado por aratus avermelhados...
Passa desmaiado um homem com 1552 nós na gravata...
A moça do tempo
De biquini bondage
Disse chuva.
molhou tudo ...
Tudo exceto
Quem fumava nu nas esquinas...
Tatuadas.
O sotaque dos operários
Repetia.
E repetia...
Mas era sol e tudo refletia...
Era noite e já era dia...
aquela morena perdida
Jogava pequenas conchas do mar nas varandas fechadas
Esperando quem sabe o que ela esperava.
Morena devia ser cor
Deviam ser morenas as paredes...
Deviam ser morenas as flores...
Deviam ser morenas as nuvens...
As árvores, os montes, as ondas...
Os doces,
Os livros, as refinarias da petrobras a noite
Deviam ser morenas as revoluções
deixem a Juliet binoche fora disso...
São Paulo São Paulo
Achei sua melhor varanda...

Nenhum comentário: